• Alimentos ácidos e alcalinos e seu impacto na saúde

    Mestre Taoista Yun Xiang Chen
    Mestre Taoista Yun Xiang Chen

    No último mês de abril esteve no Brasil o Mestre Taoista Yun Xiang Chen ministrando cursos de Qi Gong, Tai Ji Chuan, meditação e práticas energéticas terapêuticas na Sociedade Taoista do Brasil. Em todas as suas aulas, Mestre Chen enfatizou a importância da alimentação como base da nossa saúde, sendo o suporte a qualquer prática.

    A dietologia na medicina chinesa é bastante complexa. Para entender o efeito fisiológico de cada alimento, temos de entender primeiro a nossa fisiologia geral, na saúde e na doença, segundo esta medicina.

    Como não havia tempo para que ele estruturasse todo este raciocínio em seus cursos, fundamentando o porquê das orientações alimentares, Mestre Chen sintetizou suas recomendações seguindo uma linha ocidental de análise alimentar, mas que, em sua maior parte, está de acordo com as recomendações clássicas da medicina chinesa.

    Ele se baseou na medida do pH do sangue humano. A sigla significa “potencial Hidrogeniônico” e trata-se de uma escala que mede o grau de acidez, neutralidade ou alcalinidade de uma determinada solução. A escala compreende valores de 0 a 14, sendo que o 7 é considerado o valor neutro. O valor 0 (zero) representa a acidez máxima e o valor 14 a alcalinidade máxima. O pH saudável do sangue humano deve ser ligeiramente alcalino, em torno de 7,4.

    Mestre Chen mostrou como a alimentação moderna, e especialmente a ocidental, tende a tornar o pH do nosso sangue muito mais ácido. O ambiente ácido é propício para o surgimento de muitas doenças, especialmente o câncer. Portanto, sua grande recomendação foi o aumento de alimentos alcalinos e a diminuição dos alimentos muito ácidos. Obviamente evitando também os alimentos industrializados e tóxicos, dando preferência aos alimentos orgânicos e frescos. É importante entender que nesta diferenciação leva-se em conta a acidez e a alcalinidade que o alimento provoca em nosso metabolismo e não o pH do alimento em si. Um grande exemplo é o limão, que, em si, é ácido, mas provoca um ambiente muito alcalino em nosso organismo.

    Esta relação da alimentação saudável com o pH sanguíneo não é própria da medicina chinesa, mas ao estudar o porquê do Mestre ter ensinado desta forma, encontrei paralelos muito interessantes. A maior parte dos alimentos muito ácidos são os formadores de Mucosidade-Calor. Este termo é um código da medicina chinesa para designar formação de resíduo metabólico (Mucosidade) que tende a se condensar, aglutinar e gerar processo inflamatório (Calor). Este é o pior tipo de fator patogênico, sendo o gerador das doenças mais difíceis de serem tratadas, incluindo o câncer.

    Por isso divulgo abaixo uma graduação de alimentos dos mais ácidos para os mais alcalinos. Este material tem como base a pesquisa da empresa americana Air Water Life e contei com a ajuda das amigas Márcia Pinotti (pinottimarcia@hotmail.com) para a tradução e da nutricionista Isabel Quaresma Rodrigues (isabel.quaresma.rodrigues@gmail.com) na revisão.

     

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    Edgar Cantelli Gaspar – edgar@terapiaschinesas.com.br – Twitter: @edgarcantelli

  • Vídeo #3 – Formação em Medicina Chinesa

    No terceiro vídeo do nosso Canal no Youtube, falamos sobre a formação em Medicina Chinesa no Brasil e como se dá a integração entre suas principais ferramentas: a acupuntura, a massoterapia chinesa Tui Na e a fitoterapia.

    Esperamos muito pelas suas mensagens, sugestões e comentários.

    Você pode visualizar o vídeo também através deste link.

    Edgar Cantelli Gaspar – edgar@terapiaschinesas.com.br – Twitter: @edgarcantelli

  • Cinco cores na alimentação diária

    JpegUm dos princípios mais conhecidos da alimentação segundo o entendimento da medicina chinesa é a da nutrição pelos Cinco Elementos da natureza (五行 – Wǔ Xíng). Essa teoria é uma evolução do entendimento da polaridade fundamental do Universo, conhecida como a força do Yīn (阴) e a do Yáng (阳). Temos então dois elementos que falam de momentos diferentes da força do Yáng: a Madeira, quando o calor, o exteriorização e a atividade, por exemplo, estão em crescimento, e o Fogo, quando o Yáng atinge o seu apogeu.

    Temos dois elementos que detalham o Yīn: o Metal, quando o frio, a interiorização e a quietude, por exemplo, estão crescendo, e a Água, quando o Yīn atingiu o seu máximo.

    Temos ainda a Terra, que descreve o momento quando Yīn e Yáng estão em equilíbrio.

    O ser humano, buscando viver harmoniosamente, pode nutrir-se, em todos os aspectos da sua vida, de elementos desses cinco tipos de combinações de Yīn e Yáng.

    Num artigo anterior, falei um pouco sobre os cinco sabores. Hoje gostaria de mostrar como nos alimentarmos com as cinco cores relacionadas aos Cinco Elementos parece um desafio, mas na verdade só requer um pouco de conhecimento e dedicação.

    Tomaremos como exemplo essa deliciosa e simples refeição feita pela minha esposa Helena Guimarães.  Temos ingredientes muito comuns, mas preparados de forma a combinarem no sabor, mas também equilibrarem seus aspectos nutricionais.

    Tivemos um omelete com abobrinha, acompanhando um arroz branco com gergelim preto e uma salada de atum com tomate, manjericão e azeitonas. Temos então:

    • Elemento Madeira (verde): abobrinha, manjericão e azeitonas;
    • Elemento Fogo (vermelho/laranja): tomate;
    • Elemento Terra (amarelo): ovo;
    • Elemento Metal (branco): arroz;
    • Elemento Água (preto): gergelim e atum.

    Para quem quiser mais dicas básicas da dietologia chinesa, indico o download do nosso guia de orientações gerais da alimentação, clicando aqui.

  • Dietologia chinesa na prática: receita de caldo de frango e noodles

    Caldo de frango e noodles
    Caldo de frango e noodles

    Esse é o primeiro de uma nova série de posts nos quais pretendo dar algumas dicas práticas da dietologia chinesa, especialmente mostrando através de receitas, exemplos que como podemos comer bem, de forma equilibrada, saudável, deliciosa e prazerosa, fazendo a nossa própria comida. Sobretudo quero mostrar que, apesar de conhecer os fundamentos teóricos e técnicos da dietologia chinesa, não devemos comer teoricamente e nem tecnicamente. A comida deve ser sempre um prazer, tanto no fazer, como no comer, nunca tornando-se uma ciência fria, algo que se faz como se a comida fosse um remédio no qual é preciso dosar os componentes de uma fórmula. Isso deixamos para a fitoterapia chinesa.

    Meu primeiro exemplo foi o almoço de hoje (domingo, 7 de abril de 2013). Ao invés das deliciosas macarronadas, a Helena, minha esposa, pediu que eu fizesse o “Caldo asiático de frango e noodles” do livro “Revolução na Cozinha” do incrível Jaime Oliver. Não consegui fazer a receita nos 17 minutos que ele diz, mas fiz em um pouco mais de 30 minutos. Bem tranquilo e rápido de fazer. Acima você pode ver a foto de como ficou o prato finalizado. Abaixo segue a receita completa retirada do livro.

    Receita do caldo de frango e noodles. Clique para ver maior.
    Receita do caldo de frango e noodles. Clique para ver maior.

    Esse prato é um exemplo de nutrição gostosa pois temos em uma só receita a presença dos 5 sabores clássicos da dietologia chinesa: o azedo (e ácido), o amargo, o doce, o picante e o salgado. O aluno (ou ex-aluno) que me disser um ingrediente de cada sabor da receita ganha um carimbo especial no caderno! 🙂

    Abaixo o Lucas, nosso filho de 4 anos, provando o caldo! Ele gostou tanto que até dançou no final!

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    Edgar Cantelli Gaspar – edgar@terapiaschinesas.com.br
    Twitter: @edgarcantelli

     

  • O leite e a formação de Mucosidade

    Quando em alguma palestra ou aula falamos sobre a Dietologia da Medicina Chinesa, é quase inevitável que em algum momento alguém nos pergunte: mas e o leite? O leite e seus derivados são um tema controverso na nutrição mundial. Muitos estudos feitos tentam comprovar seus benefícios, assim como seus malefícios, e a população ocidental, que culturalmente tem o leite como uma das bases da sua alimentação, continua sem total consciência de como ele altera nossa fisiologia.

    Para entendermos esse mecanismo precisamos primeiro conhecer um princípio fundamental da nossa digestão, segundo a visão da Medicina Chinesa, que é a formação do que chamamos de Mucosidade (痰饮 – Tan Yin). A Mucosidade é um resíduo formado pelo mau funcionamento do Estômago (胃 – Wèi) e do Baço (脾 – ). Segundo a Medicina Chinesa, o Estômago (胃 – Wèi) tem a função de preparar os alimentos que comemos para o aproveitamento energético e nutricional. Já o Baço (脾 – ) transforma o que pode ser aproveitado pelo corpo em energia nutritiva que será utilizada, dentre outras funções, para a geração do Sangue (血 – Xuè). Toda vez que o Estômago (胃 – Wèi) e o Baço (脾 – ) entram num quadro de hipofuncionamento, ou seja, quando eles têm suas funções feitas numa velocidade mais lenta e com menos eficácia, começamos a ter a formação desse resíduo, chamado de Mucosidade (痰饮 – Tan Yin).

    Ela é considerada o pior dos fatores geradores de doença que nosso corpo pode criar quando está em desarmonia. Isto porque esse resíduo pode se acumular de muitas maneiras, gerando inúmeras patologias. Pode se acumular em forma de muco propriamente dito, alojando-se no pulmão e gerando asma, bronquite, tosses crônicas, pigarro. Pode também se acumular em forma de gordura, gerando obesidade. Ou então em forma de retenção de líquidos, gerando edemas. Mais profundamente, pode alojar-se nas articulações, causando obstrução circulatória, dor e deformidade óssea, como na artrite reumatóide. Ou, ainda, esse resíduo pode gerar má formação celular, sendo, dentro da Medicina Chinesa, sempre uma pré-condição para a geração de um tumor ou câncer.

    Dentre os alimentos mais comuns da alimentação ocidental, o leite e seus derivados formam a categoria que mais facilmente gera Mucosidade (痰饮 – Tan Yin). O leite de origem bovina é de muito difícil digestão para o nosso trato digestório, favorecendo a formação desse resíduo. Já o leite materno é exatamente o oposto. Por ser próprio para a fisiologia humana, o bebê o digere rapidamente e com o máximo de aproveitamento nutricional e energético.

    Os chineses de modo geral não ingerem leite e seus derivados. Leite de vaca, iogurte, sorvete e queijo são alimentos que ainda são raros na alimentação chinesa e na verdade eles chegam até a ter aversão a esse tipo de alimento. Mesmo com os bebês, os chineses não dão leite de vaca após o período de amamentação. Vários estudos epidemiológicos já foram realizados procurando entender o motivo que faz com que os índices de câncer de mama, de ovários, de próstata, de intestino, dentre outros, sejam muito menores na população chinesa do que na ocidental. Esses estudos também apontam a ingestão do leite como um dos principais motivos para essa importante diferença. Outros motivos são os demais hábitos alimentares saudáveis que os chineses possuem, além de uma grande cultura que incentiva a atividade física regular em todas as idades.

    Na nossa linhagem de Medicina Chinesa, de origem taoista, não entendemos como harmoniosos os extremos. Por isso sugerimos que não retiremos por completo o leite da nossa alimentação, mas que diminuamos a sua ingestão e de seus derivados. Isso torna-se ainda mais importante para pessoas que apresentam algum grau de deficiência na digestão (como digestão lenta, formação de gases, azia) e especialmente para quem já apresenta sinais e sintomas de Mucosidade (痰饮 – Tan Yin) acumulada.

  • A chegada do Outono e orientações para a nossa alimentação

    Hoje estamos no primeiro dia do Outono. E, pelos sinais que tivemos nas últimas semanas, teremos um Outono e um Inverno bastante frios. A Medicina Chinesa sempre vê o homem inserido nas mutações da Natureza, podendo vivê-las de maneira harmônica ou desarmônica, com reflexos diretos na sua saúde.

    Dentre muitas considerações sobre essa época do ano, a mais importante e prática talvez seja a de que nas estações frias do ano temos menos energia disponível no ambiente. A nossa fisiologia tem duas principais fontes de absorção de energia: o que o nosso aparelho digestório é capaz de gerar do que comemos e o que o nosso aparelho respiratório é capaz de gerar com o que respiramos. Em termos físicos podemos ter a mesma quantidade de gases que compõem a atmosfera. Mas, em termos energéticos, nessa época do ano temos menos Qi (energia) que pode ser captada pelos nossos pulmões.

    Assim, passamos então a depender mais ainda do que comemos para manter nossa saúde. Pensando nisso, divulgamos essa pequena compilação de dicas muito simples, mas que podem favorecer nossa alimentação.

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    Quem tiver alguma dúvida ou comentário, é só nos escrever.