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Artigo sobre o Fígado na Revista Medicina Chinesa Brasil #14
Na edição número 14 da Revista Medicina Chinesa Brasil, tivemos o artigo “Medicina Chinesa em campo: o Técnico” publicado, tratando do complexo papel do Fígado, segundo o entendimento da Medicina Chinesa. Este artigo faz parte de uma série que visa explicar os complexos conceitos das funções dos Órgãos e Vísceras (Zang Fu) para o leigo de maneira mais palpável, utilizando da analogia com o futebol.
A revista é uma grande referência na área da Medicina Chinesa contanto sempre com artigos sobre a situação da prática desta medicina em nosso país, no mundo, sobre pesquisas modernas e sobre tratados clássicos.
As ilustrações desta série de artigos são do excelente Caio Vitor. Para mais informações visite: http://cargocollective.com/caiovitor
A revista é digital, grátis e pode ser acessada pelo link: http://www.ebramec.com.br/revistamc14.htm
Edgar Cantelli Gaspar – edgar@terapiaschinesas.com.br – Twitter: @edgarcantelli
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Artigo na Revista Medicina Chinesa Brasil #12
Na edição número 12 da Revista Medicina Chinesa Brasil, tivemos o artigo “Medicina Chinesa em campo: o Meio Campo” publicado. Ele faz parte de uma série de artigos que visam explicar os complexos conceitos das funções dos Órgãos e Vísceras (Zang Fu) para o leigo de maneira mais palpável, utilizando da analogia com o futebol.
A revista é uma grande referência na área da Medicina Chinesa contanto sempre com artigos sobre a situação da prática desta medicina em nosso país, no mundo, sobre pesquisas modernas e sobre tratados clássicos.
As ilustrações desta série de artigos são do excelente Caio Vitor. Para mais informações visite: http://cargocollective.com/caiovitor
A revista é digital, grátis e pode ser acessada pelo link: http://www.ebramec.com.br/revistamcb_12.htm
Edgar Cantelli Gaspar – edgar@terapiaschinesas.com.br – Twitter: @edgarcantelli
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Artigo na Revista Medicina Chinesa Brasil #11
Na nova edição da Revista Medicina Chinesa Brasil, tivemos o artigo “Medicina Chinesa em campo: os zagueiros” publicado. Ele faz parte de uma série de artigos que visam explicar os complexos conceitos das funções dos Órgãos e Vísceras (Zang Fu) para o leigo de maneira mais palpável, utilizando da analogia com o futebol.
Para nós é uma grande satisfação ter um artigo publicado numa revista que conta com excelentes textos, que visam o aperfeiçoamento da prática da medicina chinesa em todas as suas correntes no Brasil.
As ilustrações desta série de artigos são do excelente Caio Vitor. Para mais informações visite: http://cargocollective.com/caiovitor
A revista é digital, grátis e pode ser acessada pelo link: http://www.ebramec.com.br/revistamcb11.htm
Edgar Cantelli Gaspar – edgar@terapiaschinesas.com.br – Twitter: @edgarcantelli
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Medicina Chinesa em campo – o técnico
Quando o time ganha, o mérito é dos jogadores. O ataque foi eficiente. O meio campo criativo. A defesa sólida. O goleiro, uma muralha. Agora, quando o time perde, sempre a culpa é do técnico. O Barcelona acabou de ser campeão mundial massacrando o meu pobre Santos. Li e ouvi todos os elogios ao incrível time. Mas nem uma palavra sobre o esquecido Guardiola, técnico do time catalão. Sobre o Santos, o que mais encontramos é que ele entrou em campo com a postura inadequada, mal escalado, mal preparado. Culpa do coitado do Muricy.
Da mesma forma acontece na nossa saúde. O indivíduo que tem grande preparo físico tem um Pulmão (肺 – Fèi) de aço. O que consegue comer de tudo sem passar mal tem um Estômago (胃 – Wèi) de avestruz. O inteligente tem uma boa cabeça. Os chineses dizem que a pessoa corajosa tem a “Vesícula Biliar (胆 – Dǎn) grande” (pela influência que está Víscera exerce sobre a Mente). Agora, quando comemos demais, ou inadequadamente, não dormimos, bebemos, aí é que lembramos do Fígado (肝 – Gān). É difícil um paciente sair de uma consulta de medicina chinesa sem que o terapeuta não fale alguma coisa das “culpas” do seu Fígado (肝 – Gān).
E por que o Fígado (肝 – Gān) é tão falado e considerado quando estamos com a nossa saúde em desarmonia? Porque ele tem uma função do seu aspecto energético fundamental que é o direcionamento do fluxo da nossa Energia (氣 – Qì). E a grande função da nossa Energia(氣 – Qì) é impulsionar o nosso Sangue (血 – Xuè). Não basta, portanto, que o nosso Coração (心 – Xīn) tenha capacidade de marcar o gol, que é produzir e ter a força de impulsionamento do Sangue (心 – Xīn). O nosso técnico, o Fígado (肝 – Gān), tem de ser capaz de articular todo o time para que esse Sangue chegue onde tenha de chegar, no momento certo.
Um grande e prático exemplo dessa função acontece no momento que nos alimentamos: o sistema físico e energético do Fígado (肝 – Gān) identifica que o alimento chegou ao Estômago (胃 – Wèi) e que essa Víscera (腑 – Fǔ) precisará de energia (氣 – Qì) e Sangue (血 – Xuè) para poder trabalhar esse alimento. Nossa circulação deve ser capaz de executar esse direcionamento. Por isso, é esperado que tenhamos um pouco de sono, especialmente quando comemos algo de mais difícil digestão, pois a circulação de energia e Sangue (血 – Xuè) irá diminuir no restante do corpo, inclusive no Cérebro (脑 – Nǎo).
Quando corremos, o Sangue (血 – Xuè) tem de ir para as pernas. Quando pensamos muito, para a cabeça. Quando combatemos um resfriado, nossa circulação deve vir à superfície do corpo. Quando estamos com alguma patologia profunda, nossa circulação deve se aprofundar. Quando o corpo faz isso adequadamente, ninguém lembra do técnico, pois o time fez o que tinha de fazer. Mas quando não consegue, e temos sintomas como dificuldade de movimentação das articulações, dificuldade de raciocínio, digestão lenta, com formação de gases, menstruação com cólica e formação de coágulos, dentre inúmeros outros fatores relacionados a essa dificuldade de circulação, chamada de Estase na medicina chinesa, lembramos do sistema energético do Fígado (肝 – Gān).
Olhando para os técnicos de futebol como Muricy, Luxemburgo, Felipão, Parreira, fica evidente que o padrão emocional que prevalece nesse cargo é a irritabilidade. Da mesma forma quando temos algum Padrão de Desarmonia do Fígado (肝 – Gān), temos o reflexo imediato na Mente (神 – Shén) da irritabilidade. Mas a outra via é muitíssimo importante de ser entendida e considerada, ou seja, quando mantemos um padrão psíquico emocional de irritabilidade, de raiva, de frustração, de ansiedade, de mágoa, que são todas consideradas emoções do mesmo padrão energético, geramos algum distúrbio especialmente nessa principal função do Fígado (肝 – Gān), que é manter essa circulação fácil e fluída. Isso acontece porque o sistema do Fígado (肝 – Gān) precisa ficar alimentando a Mente (神 – Shén) exageradamente durante a manutenção desses padrões psíquico emocionais, se desgastando para a execução das suas demais funções. Mesmo as funções mais atreladas à sua estrutura são prejudicadas, como a geração da bile, favorecendo a formação de cálculos na Vesícula Biliar (胆 – Dǎn), Víscera (腑 – Fǔ) que trabalha em conjunto com o Fígado (肝 – Gān), e também tornando o paciente muito mais sensível à digestão de gordura, doces e álcool, por exemplo.
O Fígado (肝 – Gān), por essas características, nos textos clássicos da medicina chinesa, sempre foi chamado de “o general” da nossa fisiologia. A grande função do general é a estratégia, o planejamento da guerra, que é a obtenção de um resultado. Da mesma forma no nosso organismo, o Fígado (肝 – Gān) nutre a Mente (神 – Shén) de uma função chamada de Alma Etérea (魂 – Hún). Na verdade a Alma Etérea (魂 – Hún) engloba um conjunto de funções que compreendem a imaginação, o planejamento e a projeção tanto no futuro, quanto no passado. Uma vida de ansiedade constante faz com que esse sistema fique extremamente sobrecarregado, pois a Mente (神 – Shén) entrará numa hiperatividade da Alma Etérea (魂 – Hún), imaginando e planejando o futuro constantemente, gerando assim um desgaste nas funções do Fígado de modo geral, refletindo posteriormente nos sintomas físicos da Estase.
Um estilo de vida mais simples, com vontades e objetivos mais palpáveis, realistas e organizados evita uma vida de frustração, irritabilidade e ansiedade, o que favorece muito o sistema físico e energético do Fígado (肝 – Gān). Dormir cedo, alimentar-se de verduras e legumes verdes, assim como alimentos amargos, também ajudam muito para a manutenção da saúde do nosso técnico. Tudo isso é fundamental pois, muito diferente do mundo do futebol, onde os clubes trocam de técnico a todo momento, não é possível trocarmos o nosso com tanta facilidade!
Esse foi nosso último artigo da série “Medicina Chinesa em campo”. Agradeço muito à Luciana Ribeiro pelas precisas e cuidadosas revisões de texto e ao Caio Vitor pelas lindas e divertidas ilustrações!
Para quem não leu algum dos artigos anteriores dessa série, seguem os links:
Edgar Cantelli Gaspar – edgar@terapiaschinesas.com.br – Twitter: @edgarcantelli
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Medicina Chinesa em campo – o atacante
Um bom goleiro, que passe segurança para o time. Uma dupla de zaga que imponha respeito. Um meio campo criativo e, ao mesmo tempo, marcador. Tudo isso é importantíssimo para termos um grande time. Mas, no final das contas, a bola precisa entrar no fundo da rede! Não é por acaso que os jogadores mais bem pagos, mais badalados e que marcam a história do futebol são os atacantes.
Na nossa saúde, segundo o entendimento da nossa fisiologia na medicina chinesa, o goleador é o sistema físico e energético do Coração (心 – Xīn). É no Coração (心 – Xīn) que formamos e impulsionamos o Sangue (血 – Xuè). Um Sangue (血 – Xuè) rico em nutrientes, nos seus aspectos materiais (陰 – Yīn) e sutis (陽 – Yáng) e com fluidez na sua circulação é a grande meta do nosso organismo, o tão trabalhoso gol da nossa saúde.
A nutrição de todos os tecidos do corpo depende de um Sangue (血 – Xuè) rico e que chegue com abundância a todas as suas células. Esse entendimento é comum, tanto para a medicina alopática ocidental, quanto para a chinesa. Mas, na chinesa, detectamos uma gama maior de distúrbios de deficiência na formação do Sangue (血 – Xuè) do que na medicina ocidental. Em outras palavras: todo quadro anêmico, detectado num exame de sangue, também será considerado como uma Deficiência de Sangue (血 – Xuè) na medicina chinesa. Mas nem toda Deficiência de Sangue (血 – Xuè) será também será considerada, na alopatia, uma anemia.
São nesses momentos que percebemos quando a bola não está chegando redonda para o atacante. Sua função é botar a bola pra dentro, mas, para isso, depende que a bola chegue com qualidade e abundância no ataque. Quantos jogos não vemos em que, por mais que tenhamos ótimos atacantes em campo, pela falta de qualidade dos zagueiros, dos volantes e do meio campo, a bola não chega nos artilheiros, e acabamos vendo aquele jogo chato, que não sai do zero a zero.
Da mesma forma, por mais que nosso Coração (心 – Xīn) esteja saudável, se o Estômago (胃 – Wéi) não trabalhar bem os alimentos, tocando para o Baço (脾 – Pí) transformar o que for possível em energia nutritiva (谷氣 – Gǔ Qì), ascender então para o Pulmão (肺 – Fèi), que deve fazer o meio de campo, recebendo também a energia do ar (空氣 – Kōng Qì), e tocando, por fim, para o Coração (心 – Xīn), o gol (o Sangue (血 – Xuè) não sai.
Existe um ditado ancestral na medicina chinesa que sintetiza a abrangência da influência da formação e circulação do Sangue (血 – Xuè): “Um Sangue (血 – Xuè) abundante, uma Mente (神 – Shén) feliz.” Em qualquer nível de Deficiência de Sangue (血 – Xuè), mas especialmente nos mais severos, teremos algum grau de uma profunda sensação de infelicidade, sendo reflexo da má nutrição de todos os tecidos do corpo, e, especialmente, o Cérebro (脑 – Nǎo).
A influência do Coração (心 – Xīn) na Mente (神 – Shén) não se dá só pelo Sangue (血 – Xuè). O sistema energético do Coração (心 – Xīn) nutre a Mente (神 – Shén) do seu aspecto mais importante: a consciência. A capacidade de mantermos nossa atenção, nosso foco, de acessar nossa memória e de gerenciar todos os outros aspectos psíquicos-emocionais (como a imaginação, as sensações sensoriais, a nossa força de vontade, assim como as emoções, de modo geral) vem da influência direta dessa função do sistema do Coração (心 – Xīn) no Cérebro (脑 – Nǎo). É fácil percebermos o quanto as nossas emoções, quando intensas ou prolongadas em excesso, desencadeiam algum tipo de palpitação, um dos primeiros sintomas, junto com a memória fraca e a insônia, de que a saúde do Coração (心 – Xīn), em algum nível, está prejudicada.
Por ter tal responsabilidade sobre o Sangue (血 – Xuè) e gerenciar nossa função psíquica mais importante, o Coração (心 – Xīn) é chamado na medicina chinesa de Imperador do nosso organismo. Com essa informação espero que todos cuidemos para que o nosso Imperador (君 – Jūn) não acumule tanta gordura, o que prejudica tanto sua estrutura, quanto suas funções, assim como o “imperador” atual do Corinthians.
Na história do futebol, praticamente todos os gênios do ataque tiveram algum grande companheiro, normalmente obscurecido pelo brilho do outro, mas fundamental para o time. Pelé e Coutinho, Romário e Bebeto, Ronaldo e Rivaldo, são alguns bons exemplos. Da mesma forma, nosso Imperador possui um companheiro, cuja função é simplesmente protegê-lo: o Pericárdio (心包 – Xīn Bāo). Na medicina chinesa o Pericárdio (心包 – Xīn Bāo) não é considerado nem um Órgão (脏 – Zàng), nem uma Víscera (腑 – Fǔ). Ele existe, tanto fisicamente (ele é uma membrana que recobre o coração), quanto energeticamente (ele possui até o Canal Energético próprio), simplesmente para impedir que agentes patogênicos, tanto exteriores, quanto interiores, possam atingir o Coração (心 – Xīn). Por isso sempre consideramos qualquer Síndrome no Coração (心 – Xīn) como sendo importante, pois indica que o fator patogênico é muito forte, ou o Pericárdio, e o próprio Coração (心 – Xīn), estão fragilizados por alguma razão, permitindo que a Síndrome se desenvolva. Para termos uma ideia da profundidade que uma Síndrome pode atingir o sistema físico e energético do Coração (心 – Xīn), toda patologia psiquiátrica na medicina ocidental vem de algum distúrbio sério no Coração (心 – Xīn), na medicina chinesa.
As recomendações para a saúde do Coração (心 – Xīn) são as mesmas para um bom atacante: praticar exercícios regulares para estar em forma e o estado emocional o mais saudável possível. Os jogadores mais badalados muitas vezes são os que mais facilmente jogam suas carreiras (e suas vidas) fora por se deixarem levar pela euforia da fama e da riqueza. Na medicina chinesa temos que o padrão emocional que mais diretamente afeta o Coração (心 – Xīn) é justamente a euforia. Mas a euforia é um padrão emocional abrangente. Entendemos que todo tipo de hiperexcitação da consciência é considerado um quadro eufórico. Por isso, com esse estilo de vida moderno de excesso de estímulos, compromissos e tarefas, que mantém a nossa Mente muito focada e estimulada, por muitas horas no dia (às vezes até dormindo), sobrecarrega muito o Coração (心 – Xīn). Quem sabe, entendendo isso, consigamos manter o nosso Coração (心 – Xīn) literalmente mais em paz, e marcamos um verdadeiro gol de placa.
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Medicina Chinesa em campo – o meio campo
Um time pode até ganhar jogando feio. Alguns dizem que o que importa é somente o gol, que pode até ser de mão. Mas quem gosta mesmo de futebol, além de ver o time ganhar, gosta de ver um futebol bonito. Quantos torcedores não param para ver o Barcelona jogar. Ou até mesmo o Santos, para não ir tão longe. E todo esquadrão que encanta os olhos, dando vontade de vê-lo em campo, mesmo que não seja seu time, tem, certamente, um grande meio de campo.
É um time que sabe passar a bola com facilidade, ligando a defesa ao ataque com eficácia. Mas também é um time que sabe marcar, não deixando a zaga desprotegida. E esse é o papel do nosso Pulmão (肺 – Fèi), segundo a visão da medicina chinesa.
O Pulmão é um dos nossos Órgãos Vitais (脏 – Zàng) e cumpre justamente esse papel de ligação entre a nossa principal fonte geradora de nutrição física e energética diária, que é gerada pelo Estômago (胃 – Wèi) e pelo Baço (脾 – Pí), com o sistema físico-energético do Coração (心 – Xīn), onde ocorre o grande objetivo da nossa fisiologia básica, que é a formação do Sangue (血 – Xuè). Um Sangue rico, fluido e com facilidade de circulação é o gol pro nosso time da saúde.
Mas antes de pensar em deixar o Coração na cara do gol, o Pulmão tem de fazer uma verdadeira alquimia. O primeiro toque na bola se dá com a sua função mais direta, que é a troca gasosa. Mas além de captar oxigênio e eliminar gás carbônico, função essa totalmente atrelada à sua estrutura física, o Pulmão realiza uma outra captação do ambiente, que é a do Qi do Ar (空 氣 – Kōng Qì). Essa fonte de Energia é a segunda mais importante no nosso dia a dia, após a alimentação.
Captado o Qi do Ar, o Pulmão passa a depender da bola que vem da zaga, ou seja, da Energia que vem do Baço (脾 – Pí), chamada Energia dos Cereais (谷氣 – Gǔ Qì), como vimos no artigo sobre os zagueiros. Quando essa bola vem redondinha e caprichada, o Pulmão faz uma verdadeira mágica, como os grandes gênios do meio campo (Pelé, Zico, Sócrates, Maradona), sintetizando a Energia Torácica (宗 氣 – Zōng Qì), que é a união da Energia do Ar com a Energia dos Alimentos. Será essa Energia que chegará ao Coração, fazendo com que ele seja capaz de marcar o tão esperado gol.
Mas não é só de marcar gols que vive um time. É necessário também que não leve muitos. E onde começa uma boa marcação do time adversário? Também no meio campo, com os volantes. Nosso Pulmão também cumpre um papel fundamental na defesa do nosso organismo, pois uma parcela da Energia Torácica é transformada em Energia de Defesa (卫 氣 – Wèi Qì) e é dispersada para a superfície do corpo, sendo a principal responsável pela defesa do nosso organismo contra os chamados fatores patogênicos externos. Estes são os fatores climáticos que, quando são fortes, abruptos e/ou perduram em excesso, geram disfunções no nosso organismo. Eles são o Vento (风 – Fēng), o Frio (寒 – Hán), a Umidade (湿 – Shī), a Secura (燥 – Zào) e o Calor de Verão, ou também chamado de Canícula (暑 – Shǔ). Estes fatores em si podem gerar inúmeras alterações fisiológicas, mas a mais comum destas é a queda da nossa imunidade, fazendo com que bactérias, vírus e outros agentes dessa natureza possam se sobrepor à nossa resistência, gerando patologias.
Podemos começar a entender, portanto, que podemos contribuir muito com o nosso meio campo com algumas medidas simples, mas que fazem com que ele não precise ficar correndo atrás do outro time. Evitar a exposição excessiva a ambientes frios é um bom exemplo, já que a fisiologia de nós, brasileiros, em geral, é bem adaptada ao calor e somos mais vulneráveis à ação do Frio. Colocar um umidificador em casa quando passamos por muitos dias com baixa umidade do ar, nos protege da Secura. Evitar ficar com roupas úmidas em contato com o corpo nos protege da Umidade. Evitar correntes de Vento por períodos prolongados, especialmente quando dormimos. As mudanças de temperatura abruptas também são consideradas tipos de Vento (风 – Fēng) na medicina chinesa. Ficar entrando e saindo de ambientes com ar condicionado, por exemplo, prejudica muitos as funções e também a estrutura do Pulmão.
Quando um gramado está ruim, todo esburacado, e a bola fica se desviando pelo caminho, o time todo é prejudicado. Mas certamente o meio campo, que precisa tocar a bola com eficácia é muito mais. Dos nossos órgãos, o Pulmão também é o mais dependente do meio em que vivemos. Não só pela ação dos Fatores Patogênicos Externos, mas especialmente pela qualidade do ar. Numa cidade como São Paulo, onde o nível de poluição é altíssimo, não há Messi ou Ganso em campo que consiga tocar a bola corretamente, ou seja, teremos a formação da nossa Energia Torácica comprometida. É impressionante notar como muitas pessoas melhoram suas questões respiratórias simplesmente saindo de zonas poluídas.
Para que nosso time seja campeão, teremos de jogar num bom gramado. Para que sejamos verdadeiramente saudáveis, teremos de cuidar do nosso planeta, tanto para respirar um ar de qualidade, como para poder beber e comer alimentos de qualidade.
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Medicina Chinesa em campo – os zagueiros
É certo que ter um bom goleiro é fundamental para qualquer time que se preze. Mas nem São Marcos, Rogério Ceni ou Buffon são super-heróis, conseguindo salvar a pátria a todo momento. A segurança que um time precisa para jogar bem e para frente é dada também pelos zagueiros. E esse é exatamente o papel dos sistemas físico-energéticos do Baço (脾 – Pí) e do Estômago (胃 – Wéi), no entendimento da medicina chinesa.
Nesse sistema, o Baço não trabalha sozinho, mas em conjunto com o Estômago (胃 – Wéi), como toda boa dupla de zaga. Quando estes trabalham perfeitamente, nosso Qì (氣 – Energia), Xuè (血 – Sangue) e Jīn Yè (津液 – Fluídos Corporais) são gerados adequadamente, garantindo toda base da nossa saúde. Eles, dessa forma, não sobrecarregam o goleiro, gerando os recursos necessários para a formação e a manutenção de uma adequada Essência Pós-Celestial (后天之精 – Hou Tian Zhi Jing – ver artigo sobre o Goleiro).
O grande quarto zagueiro, o beque, o que vai pra cima dos atacantes adversários com toda sua garra é o Estômago. Ele é considerado a Víscera (腑 – F ǔ) mais importante da nossa fisiologia, pois recebe os alimentos e é responsável pela preparação física e energética deles para o posterior trabalho do Baço.
E, excetuando grandes times em ótimas fases, normalmente as bolas que são atrasadas para o último zagueiro são verdadeiros “tijolos”, bolas quadradas, na fogueira, e todo mundo espera que ele se vire com aquilo. E quando não tem outro jeito, todo zagueiro que se preze sabe a hora de dar aquele chutão pro mato (afinal o jogo é de campeonato!).
Da mesma forma o nosso Estômago recebe todo tipo de “tijolo” que jogamos para dentro. Especialmente no Ocidente, nós comemos industrializados cheios de conservantes, corantes e todo tipo de químicos e torcemos que o Estômago dê um jeito de transformar essas bobagens em nutrientes para todo o nosso time.
O Baço por sua vez tem funções energéticas vitais que não possuem dependência direta da sua anatomia e, por isso, não são consideradas na medicina ocidental. E a mais importante dessas funções é justamente transformar o que já foi trabalhado pelo Estômago em um tipo de Energia (Qi), chamado Energia dos Cereais (Gǔ Qì -谷氣), fundamental para toda a cadeia da formação das nossas Substâncias Vitais: Essência (Jīng – 精), Sangue (Xuè – 血), Fluídos Corpóreos (Jīn Yè – 津液), Energia (Qì – 氣) e Mente (Shén – 神).
Ele é aquele zagueiro que faz o time começar a jogar. Que passa a bola com qualidade para o meio campo (Pulmão [肺 – Fèi], como veremos nos próximos artigos) ou até mesmo consegue fazer, com qualidade, uma ligação direta com o ataque (Coração [心 – Xīn], também veremos em artigos futuros).
Mas normalmente nós também não facilitamos a vida desse zagueiro. Além de atrasarmos bolas terríveis para o Estômago, nós fazemos esse sistema trabalhar nos horários mais absurdos. Tanto pela visão da medicina chinesa, como pela visão da medicina ocidental, é sabido que nosso metabolismo muda ao longo do dia, acelerando no período do dia (陽 – Yáng) e desacelerando no período da noite (陰 – Yīn).
Mas, como não queremos saber muito da saúde desses atletas, mandamos eles correrem dedicadamente próximo de nós irmos dormir, no horário que nosso metabolismo está atingindo o seu ponto mais lento. E ainda queremos dormir de forma bastante relaxada e acordarmos cheios de energia!
O que acontece na prática é que, como os nossos zagueiros nesse horário não possuem energia para cumprirem suas funções de forma adequada, eles se vêm obrigados a dar um chutão pro mato, ou seja, simplesmente tirar aquele alimento da frente. As formas mais práticas dos nossos zagueiros lidarem com esse alimento pesado numa hora inadequada é gerar o mais rapidamente possível gordura (e outros resíduos metabólicos conhecidos na medicina chinesa como Mucosidade – 痰饮 – Tán Yǐn) e fezes.
Por isso muitos pacientes apresentam diarréia ou fezes mal formadas cronicamente e também tanta dificuldade para emagrecerem. Além de outras formas de Mucosidade, como coriza, catarro alojado no Pulmão, corrimento, dentre outros.
Por outro lado, no horário que ambos estão se alongando, se aquecendo, de uniforme, prontos para correrem o campo todo pela gente (das 7hs às 11hs), muitos pacientes simplesmente não permitem nem que eles entrem em campo, ao não comerem nada, ou tomando um café da manhã extremamente pobre. Isso faz com que a geração de nutrição para o restante do dia fique comprometida. Além disso, sobrecarregamos as funções desse sistema, fazendo com que ele tenha de trabalhar em excesso nas demais refeições do dia. Especialmente à noite, quando todas as nossas funções declinam (Yáng), alimentar-se abundantemente e de alimentos pesados sobrecarrega muito os nossos zagueiros.
Quem sabe organizando melhor nossos horários de alimentação e procurando alimentos mais naturais, saudáveis e diversificados, a gente não consiga fazer com que nosso time tenha segurança e saia jogando com mais qualidade? O espetáculo ficará, certamente, mais bonito de se ver!
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