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Palestra: A Mente e as doenças psicossomáticas pela visão taoísta da Medicina Chinesa
No próximo sábado, dia 20/02, às 14hs, darei a palestra “A Mente e as doenças psicossomáticas pela visão taoísta da Medicina Chinesa”, dentro do evento comemorativo do ano novo chinês, na Sociedade Taoista do Brasil, que fica na Av. Liberdade, 113 – 3º andar.
Para saber mais da programação do evento, clique aqui.
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Genética, epigenética e o conceito de Essência pela Medicina Chinesa
Charles Darwin foi o pai da teoria evolucionista que se tornou uma das bases de pensamento para o desenvolvimento da genética. Esse é hoje um dos ramos da ciência médica mais promissores de grandes revoluções no tratamento das doenças passadas pelo nosso código genético – DNA – como o diabetes, alguns tipos de câncer, dentre outros. Certamente Darwin teria muito prazer em trocar algumas idéias com Huang Di, o Imperador Amarelo, patriarca da Medicina Chinesa, autor do “Nei Jing” – o Tratado sobre o Interior – pilar fundamental dessa medicina. Digo isso pois, a cada dia que passa, a visão da medicina moderna alopática, no campo de estudo da genética, se aproxima da visão ancestral do conceito de Jīng (精 – Essência) da Medicina Chinesa
Esse é um dos conceitos mais particulares da Medicina Chinesa, sendo ao mesmo tempo bastante complexo e abrangente. Para a Medicina Chinesa, possuimos cinco Substâncias Vitais: Shén (神 – Mente), Qì (氣 – Energia), Xuè (血 – Sangue), Jīn Yè (津液 – Fluídos Corpóreos) e Jīng (精 – Essência). Toda nossa saúde depende do equilíbrio interdependente dessas cinco substâncias. A Essência, dentre todas, é a mais difícil de ser compreendida por nós ocidentais por não possuir uma equivalência próxima no nosso modo de ver o organismo.Na verdade a correlação mais próxima que podemos fazer é com o DNA, pois o conceito de Essência embloba a visão de que a nossa saúde de base, fundamental, constitucional é em grande parte transmitida pelos nossos pais e até mesmo pelos nossos avós. Isso é conhecido na Med. Chinesa como Essência Pré-Natal, ou seja, uma qualidade energética que herdamos antes de nascermos. Para saber mais sobre a geração dessa Essência, veja esse texto sobre gestação. Até aí tudo muito parecido com o DNA. A diferença se dá quando percebemos que não temos somente uma qualidade, mas também uma quantidade de Essência. Por ser considerada um tipo de energia que compõe o nosso organimo, ela possui uma quantidade que será utilizada em muitos processos fisiológicos do corpo, especialmente naqueles que dizem respeito ao crescimento, às transformações e à reprodução sexual.
Na prática podemos entender didaticamente essa Essência como uma poupança. Toda energia que podemos gerar num dia, através da alimentação e da respiração, é nossa conta corrente. Toda vez que faltar energia na conta corrente, por um desgaste, por um trauma, por uma doença prolongada, por exemplo, nosso corpo “sacará” dessa Essência. Daí voltamos ao ponto da qualidade. Quando utilizamos da nossa Essência podemos disparar, ou despertar, tendências de formação de doenças que herdamos. Ou na linguagem da genética, ativamos os genes responsáveis pela formação daquela doença.
Uma nova ciência está em nascimento, a epigenética, que percebeu que não é somente o DNA que é responsável por todas as nossas características e por toda as nossas chances de desenvolvermos doenças hereditárias, como até pouco tempo a ciência médica se baseava. Ela percebeu que os hábitos e o estilo de vida dos pais influenciam a ativação ou não de determinados genes do código genético de seus filhos. A geneticista Emma Whitelaw, do Instituto de Pesquisa Médico Australiano de Queensland, publicou uma pesquisa em 1999, mostrando que a alimentação durante a gestação pode influenciar ativamente a ativação de genes na geração seguinte, aspecto até então considerado impossível pelas premissas da genética tradicional, que, desde Darwin, considerava que uma mudança genética deveria levar várias gerações para acontecer. Na pesquisa, Whitelaw alimentou uma rata prenha ricamente em ácido fólico, soja e vitamina B12. Apesar de possuirem os genes para serem obesos, terem a pelagem amarelada e com grandes chandes de terem diabetes e câncer, os filhotes nasceram saudáveis, magros e com a pelagem amarronzada. A epigenética desde então vem crescendo com uma série de novas pesquisas nessa mesma direção, comprovando as teorias de outro grande pensador, Lamarck, que há 200 anos publicou Filosofia zoológica onde já delineava a visão de que os hábitos de uma geração influenciam diretamente na próxima. Apesar da importância de suas teorias, hoje Lamarck é praticamente esquecido academicamente, enquanto que Darwin é constantemente louvado.
Esse é outro ponto de convergência com a visão da Medicina Chinesa. Pois, além da Essência Pré-Natal, desde os tempos do Imperador Amarelo, consideramos que possuimos a Essência Pós-Natal. Para compreendê-la, voltaremos ao exemplo da poupança / conta corrente. Se quando consumimos a nossa conta corrente nosso corpo saca da poupança, por outro lado quando sobra energia na conta corrente o organismo é capaz de guardar uma parte dessa sobra como a Essência Pós-Natal. Infelizmente essa capacidade de estocar a energia gerada no dia a dia é bem limitada. Mas ela é uma parte importantíssima da Essência como um todo, pois quando corpo precisa utilizá-la, ele procura consumir primeiro a Pós, antes de utilizar da Pré, pois a Pré, infelizmente também, é a única forma de energia ou fluído do corpo que não possui reposição. Isso se torna ainda importante quando percebemos que a morte, na visão da Medicina Chinesa, se dá quando consumimos totalmente a Essência Pré-Natal.
Portanto, quando os pais formam a Essência Pré-Natal de seu filho, o fazem através da sua Essência Pré-Natal e também da sua Pós-Natal, o que determinará tendências e características permanentes em seu filho, como a cor de seus olhos, mas outras que terão mais chances de se desenvolver como a formação de uma doença, como a diabates tipo 1.
A Medicina Chinesa é primordialmente preventiva. Isso não é marketing barato. Isso é a própria lógica dessa forma de ver a saúde. A importância de termos hábitos saudáveis é fundamental para a nossa saúde e longevidade, mas também para a qualidade de vida de nossos filhos, de uma forma que ainda não compreendemos totalmente. E nosso ponto, Darwin, Lamark e Huang Di concordariam completamente.
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Não ao Ato Médico
O Senado Federal está disponibilizando em seu site uma enquete para consultar a população se ela é a favor ou contra a regulamentação do exercício da medicina nos termos do projeto PLS 268/02.
Essa enquete deverá ficar no ar durante o mês de dezembro.
Defenda a autonomia dos profissinais da saúde e garanta que a saúde seja levada a toda população.
Seja CONTRA, Vote não ao Ato Médico no site do Senado Federal.
http://www.senado.gov.br/agencia/default.aspx?mob=0
Para saber mais sobre o PLS 268/02 e os problemas que ele pode trazer a toda a área da saúde no Brasil, inclusive para a Acupuntura, visite: http://www.atomediconao.com.br/
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Dor de estômago – origens e tratamentos pela Medicina Chinesa
Comentar um pouco a respeito da dor epigástrica (dor na região do estômago) implica em se falar da nossa responsabilidade perante a própria saúde.
Isto porque as dores epigástricas, tirando o fator hereditário, estão muito atreladas ao modo como experimentamos a vida, ou seja, o que colocamos para dentro, tanto em termos de alimentos quanto de emoções, e como os elaboramos, ou seja, de que maneira os recebemos, separamos o que é útil e proveitoso do que não é, e eliminamos o que nos é desnecessário.
Obviamente, em se tratando da vida, muitas das experiências estão além das nossas escolhas, mas a retenção de determinadas emoções ou o desapego a elas depende exclusivamente de um treino da consciência.
Ansiedade e preocupação, por exemplo, afetam diretamente o Baço e provocam estagnação de energia e alimentos no Estômago. A raiva, a mágoa e a frustração, bloqueiam a circulação da energia do Fígado (se forem reprimidas) ou provocam o aumento excessivo dela (se forem manifestadas). Em ambos os casos, esse desequilíbrio danifica o Estômago e atrapalha a digestão, visto que o Fígado, segundo a Medicina Tradicional Chinesa, é o responsável pelo direcionamento correto da energia que promove o amadurecimento do bolo alimentar no Estômago e o transporte dos alimentos e fluidos pelo Baço.
Tal desordem provoca uma das síndromes mais comuns do aparelho digestório que é do Qi (energia) do Fígado invadindo o Estômago, cujos sintomas são distensão e dor na região epigástrica que se irradia para o hipocôndrio (parte alta das costelas), irritabilidade, suspiros e sensação desconfortável de fome, claramente atrelados a tensão emocional.
Esse padrão é um dos mais simples de se tratar pela Acupuntura, bastando acalmar as emoções e aliviar a invasão do Estômago pelo Fígado, com o uso de pontos tais como F14, PC6, E21, VB34, VC12 e E36.
No entanto outros desequilíbrios podem ser mais complexos para se tratar, especialmente se forem mais crônicos, e atingirem pessoas idosas ou se estiverem associados com maus hábitos alimentares além dos emocionais.
Neste segundo caso, essa combinação pode formar o que se denomina Mucosidade-Calor, que se constitui uma energia perversa que pode provocar sensação de opressão na região epigástrica, boca seca, muco nas fezes, náusea, vômito e inquietação mental.
Ela envolve o consumo excessivo de condimentos, carne vermelha, álcool, açúcar, frituras e laticínios.
É importante lembrar que este fator patogênico também pode prejudicar diretamente o Fígado e lentificar a excreção da bile pela Vesícula Biliar. Tal ocorrência propicia a formação de cálculos biliares e sua manifestação pode ser facilmente confundida com um quadro de gastrite, já que seu desconforto pode se refletir na área do epigástrio.
Por isso recomendamos o acompanhamento médico ocidental em concomitância à Acupuntura, visto que seus exames podem esclarecer o diagnóstico e descartar a possibilidade de um engano, no caso de o individuo apresentar uma doença mais grave como o câncer, por exemplo, e ainda reconhecer os resultados que a Acupuntura e a Fitoterapia Chinesa podem promover durante o tratamento.
O assunto é vasto e outros cuidados sobre a nossa alimentação serão abordados em um próximo artigo.
Cuidem-se sempre.
Nossos desejos de saúde e longevidade a todos.
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Palestra sobre Medicina Chinesa na Semana do Tao
Essa semana acontece a 8a edição do evento anual da Sociedade Taoista do Brasil chamado ” A Semana do Tao”. O evento acontecerá de 10 a 15 de agosto, oferecendo palestras, aulas abertas, meditação e outras atividades gratuitas abertas ao público. Para participar, basta trazer alimentos não-perecíveis, que serão encaminhados para entidades assistenciais.
Esse ano participaremos com a palestra “Equilíbrio e harmonia na saúde: conhecendo os sinais do seu corpo pela visão da Medicina Tradicional Chinesa”, no sábado, dia 15/08 as 11hs.
Veja a programação completa do evento clicando aqui.
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Pulsologia e a degustação de vinhos
Luis Fernando Veríssimo escreveu certa vez que “já se disse mais bobagem sobre vinhos do que sobre qualquer outro assunto, com a possível exceção do orgasmo feminino e da vida eterna.” Certamente ele não acrescentou a essa lista de exceções a pulsologia porque não conhece nada de Medicina Tradicional Chinesa.
Já li, já tive e já dei aula de provavelmente todos os principais temas teóricos da MTC. Posso dizer com tranqüilidade que a análise do pulso é o tema mais controverso, mais misterioso e também sobre o qual já se disse um número incontável de divagações abstratas e imprecisas (ou melhor dizendo – bobagens). Pergunta o aflito aluno: “o que é um pulso Flutuante professor?” E o brilhante mestre responde do alto da sua profunda sabedoria: “é como sentir uma madeira boiando num riacho.” Simples assim. E o aluno acaba de desistir de usar a pulsologia na sua prática clínica, achando que é coisa de chinês maluco ou que só vai chegar nesse “nível” de compreensão nas próximas vidas.
Há pouco tempo comecei a me interessar cada vez mais sobre vinhos. Mas confesso que esse universo me parecia dificílimo. Quando via o Renato Machado no programa “Mesa para Dois” falando sobre os vinhos e as suas harmonizações com a comida (e também contando o preço dos vinhos que estava degustando) pensava em desistir ou deixar para algumas encarnações vindouras. Mas dois fatos mudaram essa visão. Ganhei um ótimo livro da minha preciosa esposa chamado “Sem Segredos”, do Matt Skinner. Ele é sommelier dos restaurantes do famoso chef Jamie Oliver (que por sinal também me ajudou muito a desmitificar o mundo da gastronomia). E também passei a frequentar uma degustação de vinhos semanal numa adega perto de casa.
Munido das informações do livro e do respaldo técnico dos freqüentadores mais experientes da degustação passei a me aventurar na análise dos vinhos. Posso dizer que em um mês tive uma evolução surpreendente, tanto pra mim, quando para os meus colegas de vinho, conseguindo até conversar bem razoavelmente (mas com muita humildade) com pessoas que tomam vinhos há trinta anos. Como isso foi possível? Porque a forma como se desenvolve a capacidade de se perceber as características de um vinho é exatamente igual à de ser capaz de detectar as diferenciações do pulso de um paciente.
E essa chave na verdade é muito simples: você só é capaz de perceber, por exemplo, o que são os taninos de um vinho, se você for capaz, anteriormente, de descrever qual é a sensação dos taninos. Tornando ainda mais simples. Não adianta tanto você ficar tomando centenas de vinhos (e ficar muito pobre com esse processo) esperando que um dia, magicamente, e sem nenhuma ajuda, você passe a sentir os tais dos taninos. Agora, se alguma boa alma chega para você e lhe diz: os taninos de um vinho causam uma sensação de secura na boca, secando a saliva, como quando comemos uma banana verde. Fica bem mais fácil agora você perceber os taninos do próximo vinho que você for tomar, não? E agora, depois de uns três ou quatro vinhos ,você já será capaz de dizer qual apresenta mais taninos (pois seca mais a sua boca) do que o outro com menos. E isso funciona com todas as demais características do vinho, como acidez, amargor, ser redondo, etc…
Da mesma forma, um terapeuta de Medicina Chinesa, só será capaz de sentir as características de um pulso se for capaz de descrevê-las. Por exemplo, o tal do pulso Flutuante: ele é um pulso sentido com mais intensidade e clareza no nível superficial do toque (no nível da pele) e que, ao se aprofundar a pressão, ele perde intensidade. Também fica mais fácil, não é?
As correlações entre a degustação de vinhos e a análise da pulsologia na Medicina Chinesa não param por aí. Mas isso fica para um próximo post.
Enquanto isso, recomendo irmos treinando com um Casa Lapostolle, da uva Merlot, 2006 ou 2007. Saúde!
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Curso de Fundamentos de I Ching – 22 e 23 de agosto
Este é o primeiro curso de I Ching (Yì Jīng) que compõe a formação na Sociedade Taoísta. Nele são ensinadas as bases filosóficas e técnicas para uma adequada compreensão dos símbolos, dos textos e da lógica do I Ching. A partir do curso de Fundamentos, abrem-se as portas para um conhecimento maravilhoso sobre os segredos do universo.
Este curso é pré-requisito para os cursos de Hexagramas e Flor de Ameixeira.
Programa
- Origem histórica
- Cosmologia do Yì Jīng (I Ching )
- Oito Trigramas (Ba Gua)
- Simbolismo dos Trigramas
- Estudo das Linhas
- Estrutura do Hexagrama
- Ordenação ancestral de Fu Xi
- Oráculos de varetas, pedras e moedas
- Chave de Interpretação Tradicional.
Professor: Edgar Cantelli Gaspar
Mais informações e inscrições: www.sociedadetaoista.com.br / 3105-7407