Isso que é iniciativa para a 3a idade!
Huang Di (黃帝), o famoso Imperador Amarelo, sábio imperador taoísta que escreveu o primeiro tratado sobre saúde da história da humanidade, o Huang Di Nei Jing, compilando os conhecimentos da Medicina Chinesa, que são a nossa base clínica até hoje, já dizia que envelhecer não é fácil. Todos os seres tem a preferência pelo Yang, ou seja, a energia da atividade, da exteriorização, do crescimento. Entrar numa época da vida onde essa energia declina, e na verdade, toda a energia do corpo declina, visto que a nossa Essência (Jing), que nos mantém vivos e é a fonte de todas as nossas funções vitais também se esvai, realmente é difícil. Não é por menos que no Movimento do Metal, na visão filófica taoísta, que representa justamente o momento do declínio da nossa energia, temos como emoção correspondente a Tristeza.
A Medicina Chinesa tem efeitos muito significativos nos tratamentos mais freqüentes das doenças características dessa faixa etária. A Acupuntura e a Fitoterapia promovem a diminuição do ritmo da perda da Essência (Jing) e do declínio do Yang. O Tui Na melhora a saúde dos músculos, tendões e articulações, além de promover a melhor circulação de energia, visto que nesta idade o sedentarismo é um dos principais fatores de formação de patologias.
Agora, certamente nada é melhor do que a iniciativa de Tim Samuels, autor de um documentário que tenta chamar a atenção para o drama de milhões de aposentados britânicos que vivem hoje solitários e abandonados.
São 3,5 milhões de idosos vivendo sozinhos e meio milhão morando em asilos. “Eu quis fazer um documentário que mostrasse como nós tratamos os nossos idosos neste país”, disse Samuels. “Se você fosse julgasse uma sociedade pela forma como ela trata seus idosos, estaríamos em apuros”, acrescentou.
Mas Samuels não queria apenas mostrar os idosos como vítimas.
“A idéia era mostrar como são marginalizados mas também fazer algo que os ajudasse a reagir.” “Queríamos colocá-los de volta no centro da sociedade. E existe maneira melhor de conseguir isso do que estourar na parada pop?”
Samuels viajou pela Inglaterra procurando idosos que quisessem gravar um single. Segundo ele, a maioria achou a idéia meio ridícula, mas resolveu aceitar.
Alguns já tinham até ouvido “My Generation”, do The Who.
Formada a banda The Zimmers, Samuels pediu a ajuda de gente da indústria da música. Mike Hedges, produtor do U2, Dido e The Cure, aceitou produzir o single. Neil Reed, da gravadora X-Phonics, concordou em lançá-lo. E Geoff Wonfor, diretor do vídeo do Band Aid, resolveu fazer o clipe. Para a gravação, Samuels conseguiu nada mais, nada menos, do que o lendário estúdio Abbey Road, onde os Beatles gravaram.
No dia da gravação, ninguém sabia direito o que ia acontecer. Até que Alf, de 90 anos, pegou o microfone e começou a cantar a letra de “My Generation”: “I hope I die before I get old” (espero que eu morra antes de ficar velho).
Samuels disse que nesse momento percebeu que algo muito especial estava acontecendo. O single provocou uma resposta internacional. “É um fenômeno universal”, diz Samuels. “Toda sociedade se preocupa com a forma como os idosos são tratados e se comove ao ver um grupo deles se juntar, bem no estilo rock’n’roll, para se fazer ouvir.”
“Com sorte (a experiência) vai questionar alguns preconceitos sobre os idosos.” Além de Alf, outros integrantes do grupo são Buster, de 100 anos. E Winnie, de 99. “Estou me divertindo muito”, diz Winnie, apoiada em uma bengala. “Eu nasci de novo”, diz Alf. “Eu tinha 90 anos e estava preso em uma rotina. Agora sinto que estou vivendo novamente.”
A banda britânica integrada por 40 pessoas, todas com mais de 90 anos de idade, está causando sensação na Internet. Poucas semanas após ser gravado, o vídeo do grupo recebeu mais de dois milhões de hits no YouTube, tornando-se o campeão de visitas do site.
p.s. 1: obrigado a Luciana Ribeiro pela indicação do vídeo.
p.s. 2: informações sobre o documentário extraídas do portal de Música do UOL.